domingo, 28 de fevereiro de 2010

"É a vida..."

"...é bonita, e é bonita!"
Gonzaguinha


A vida devia se resumir a um bom samba. Que cadenciasse entre a bossa e o samba de raiz, o pagode, samba-canção, partido alto, maxixe, coco, choro... Rodas. Saias rodando, mulheres bailando e os homens a batucar. E as vozes se misturam, cantam a mesma alegria e a mesma dor, viram sorrisos e festa. A eterna malandragem, o flerte descompromissado. As mãos nas cadeiras, flores nos cabelos, olhares disfarçados. Sorrisos!

O samba tem o dom de embalar falando do amor pela morena, do 1 a zero no futebol, da "frexada" no coração, da mulher Amélia, de ritos e orixás, da alvorada no morro. As cordas do cavaquinho choram junto com o povo. Surdos, caixas, cuícas, batem como coração levado. Flautas e metais dão o lirismo digno de poetas. Pura paixão. Pura arte.

O samba tem o poder de ser alegre mesmo quando canta as tristezas, de nos levar no seu ritmo dos pés a cabeça. A gente, quando samba, ao mesmo tempo que sorri levanta as mãos pro céu e agradece pelo maravilhoso dom da vida (Afinal, "um bom samba é uma forma de oração"). Brinda com a velha e boa cerveja, batuca com a caixa de fósforo, assobia e canta: "Diga espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu?!". Pura poesia.

E a gente segue, sambando, pela avenida da vida. Fazendo poesia. Cantando poesia. Misturam-se as vozes, as canções, os choros, os olhares e os sorrisos. A cerveja continua gelada, os sambas continuam cantando a realidade e embalando momentos memoráveis. E o que nos resta "é bem pouco ou quase nada, do que ir assim, vagando nesta estrada perdida." É, o velho samba. É a vida!




(É bonita, e é bonita!)

2 comentários:

Carol Mendes disse...

♪ É a vida ♪
Composta de fragmentos, de pedaços de nós mesmos, de experiências... de uma mistura indecifrável de sentimentos e emoções...
A vida é como o samba: uma harmonia de cores, um arco-íris de tons...

Lindo...

Bjinhos.

Jaya Magalhães disse...

Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé.

Né? Eu concordo!

E teu texto me deu uma vontade louca de entrar na roda e berrar Gonzaguinha com o copo levantado na mão direita.

'Somos nós que fazemos a vida. Como der, ou puder, ou quiser'.

Beijo, Lud.