sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vem cá

Vem cá. Senta comigo. Escuta as minhas bobagens. Vamos fazer poesia da vida. Juntos.
Vem lembrar das músicas que fazem lágrimas saltarem aos olhos. Vem pagar as promessas que você me fez.
Esquece do que não vale à pena. Esquece das palavras falsas, das juras em mentira que te fizeram.
Esquece dos amores antigos.
Traz um algodão-doce, uma pipoca, uma bala qualquer. Ou traz só o teu sorriso que eu vou me satisfazer com teu doce.
Deixa eu deitar no teu colo e te contar das minhas caminhadas, das minhas loucuras, das minhas lágrimas e dos meus sorrisos. E você conta as minhas pintas.
Aí você vem e deita no meu colo, abre seu coração e me conta dos bailes da sua vida, do seu mundo confuso.
Escreve comigo a história. A poesia. O bilhete. A música.
Põe seus sustenidos e faça sentido comigo.
Fale besteira. Faça besteira.
Faça sol. Faça chuva. Faça vento, faça tempo.
Põe a gente num porta-retrato bonito. Com uma frase nossa pra marcar. Pra lembrar.
Me dá um abraço e um beijo na testa. Me faz um cafuné com a sua mão bonita. Me olha com seus olhos que me dizem tudo. Me deixa morar neles?
Canta no meu ouvido. Fica na minha vida. Se eterniza comigo. Escuta meu coração.
Vem cá?

sábado, 12 de setembro de 2009

Carta pro meu irmão, amigo, maninho....

Eu me lembro como fosse hoje você, com aquela voz que tirou o rumo, lendo um texto na aula de matemática. Era a nossa primeira vez juntos. Era eu querendo te desvendar na minha cabeça juvenil de uns 14 anos. Depois fomos nós em conversas, abraços, confissões, lágrimas, sorrisos, ombros amigos, promessas. Somos nós maninho e maninha, somos nós amigos pra sempre, somos nós “sem caber de imaginar, até o fim raiar”. Nós e a nossa cumplicidade, nosso amor, nossa loucura que nos salva, juntos.
Você e as suas confusões filosóficas, amorosas, sentimentais. Eu que quase morro quando você me chama de flor, fro, florzinha... Ou quando você gasta o seu francês e diz “bisses, mon cherry”. Quase morro quando você vem chorar suas tristezas com seu jeito que pede um colo e um cafuné por si só, sem dizer uma palavra. Você que vive me pedindo juízo. Você que diz querer ver meus olhos brilhando outra vez. Eu que mesmo daqui te escuto, te sinto, te abraço em cada palavra, cada canção e cada “eu te amo” que juntos pronunciamos na despedida. 
Lembra daqueles nossos planos infantis, nossos sonhos de mudar o mundo? Lembra do nosso banho de chafariz na Praça da Estação? Lembra do calor que você sentia quando eu te abraçava e não queria mais largar? Agora eu, nostalgicamente, te dei um abraço e um beijo em pensamento. Recebeu? E não te larguei, pra sentir seu cheiro comigo mais uma vez. Pra sentir seu coração batendo junto com o meu. 
Agora eu escuto “Dois Barcos”. Talvez a última música que você tenha me mandado. “E se já não sinto teus sinais, pode ser da vida acostumar”. Tudo mentira. Ainda sinto os teus sinais. Ainda não me acostumei com a sua falta. Ainda quero dividir o cobertor, a conversa, o pirulito e a garrafa de uísque com você. Ainda quero a sua letra na última página do meu caderno. Ainda quero dividir as loucuras, os sonhos, os cafunés, e tudo de bom que há nessa nossa amizade totalmente incomum. Ainda vejo as suas fotos com cara de boba. Ainda tenho as nossas lembranças no meu íntimo. 
E lá dentro, os seus desejos são meus.

(Nunca se esqueça de mim, maninho. E nem de quando eu digo que “qualquer maneira de amor valerá”.)

Beijos, me perverta! ;)




para Gabriel Saldanha