terça-feira, 30 de março de 2010

A gente



"De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar, de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca, já não podia mais pensar
Eu me dei toda pra você
E meio louca de prazer lembro teu corpo no espelho
E vem o cheiro de amor, eu te sinto tão presente...
Volte logo, meu amor."
Maria Bethânia


Pra começar, obrigada por me arrancar aquele ponto de interrogação com tanta urgência. Achei lindo você eternizar a gente naquela foto antiga no seu quarto. A gente se inventou e se encontrou. Você me surpreendeu e eu não tive tempo nem pra tomar fôlego, tamanha nossa vontade!

É o seguinte: não dá mais pra fingir que é uma brincadeira boba. Porque você definitivamente roubou meu equilíbrio e desde então eu não penso em outra coisa a não ser na gente. Na sua voz no meu ouvido.No seu corpo combinando com meu jeito. No nosso estranho amor.

Você é lindo, cara! A gente se basta. Nós não queremos promessas nem dúvidas. E nem certezas. Queremos viver. Amanhecer a gente, juntos. E ser. Não importa se repetiremos a dose amanhã, ou depois ou nunca. Não importa a hora, o compromisso e nem a nossa falta de vergonha. Nós somos. E sempre seremos.

A gente sempre vai se olhar com cara de bobos. Nossos olhos sempre vão brilhar quando se cruzarem. A gente sempre vai ser bem mal resolvido. E a gente sempre vai se dar aquele abraço e-terno e dizer, baixinho, no ouvido um do outro: amo muito, viu?



"Planejando pra fazer acontecer
Ou simplesmente refinando essa amizade..."
Skank

domingo, 14 de março de 2010

Bem mal resolvido


"Aumenta o som do meu stereo
Que eu quero te levar a sério."
Rodrigo Netto, por Detonautas


Quem me conhece sabe que eu vivo para sentir. Sou discípula de Cazuza e adoro um amor inventado, vivo criando expectativas, sonhando histórias, que na maioria das vezes acontecem. Daí vem você, que sempre foi amor na minha vida, e me deixa sem saber se eu estou inventando ou não. Pela primeira vez eu não consigo avaliar os riscos. Você chega com essas palavras lindas, com suas entrelinhas e toda aquela vontade antiga e eu fico sem saber o que fazer. Eu não sei se você me quer pra contar daquele seu flerte fatal ou se você quer amanhecer comigo. Eu não sei se você me quer de lingerie preta ou se você me quer te fazendo um cafuné, como nos velhos tempos. Entendeu? Pela primeira vez eu não sei o que fazer, o que dizer, o que vestir. Pela primeira vez eu não sei o que sentir. Então, meu bem, me faça o favor de não me deixar tão confusa, nem tão solta. Me faça o favor de ser um pouquinho menos enigmático. Você sabe que eu adoro te descobrir, mas dessa vez tá difícil. Muito difícil, por sinal.

Embora eu tenha te dito que você não me surpreende, saiba que eu estava blefando. Eu queria dicas. Melhor, queria respostas, verdades na cara. E você aí, me deixando mais um ponto de interrogação, eu que já tenho tantos que ainda não foram respondidos. Meu bem, eu não aguento por tanto tempo. Essa dúvida me consumindo e cada vez mais me tirando o equilíbrio. Me tire o equilíbrio apenas se você estiver logo embaixo pra me aparar. Senão, deixemos tudo como está. Continuemos com esse nosso amor inocente. Continuemos sendo porto seguro um pro outro. Continuemos sendo lindos um com o outro.

(Seremos eternamente esse nosso amor bem (mal) resolvido.)