terça-feira, 25 de outubro de 2011

Primeira pessoa.






"Eu vou ficar aqui, arrumando a casa, desarrumando um pouco a vida: 
fascinante como tudo fica mais inteiro depois de uma gota de caos."
Flávia Brito.



Fascinante como tudo fica mais inteiro depois de uma gota de caos.
Eu poderia terminar por aqui. Mas tenho sempre essas urgências que me impedem calar. Aliás, alguém me ensina como se faz pra calar o coração? Mentira. Eu não poderia. Sou feita inteira do que sinto. E, olha, eu sinto. Muito. De-ma-si-a-da-men-te. Assim, grande e em pausas pra dar tempo de me acompanhar. Sei que é difícil, sei que eu sou uma maluca que não se contenta apenas com um momento. Sou daquele raro tipo de pessoa pra quem tudo tem que ter um porquê. Um significado oculto. E sei também que não é qualquer um que consegue lidar com isso sem meter os pés pelas mãos. Entendo. Sou difícil. Pra alguns, indecifrável. Pra outros, nem tanto.

Tenho acreditado muito que as coisas se mostram exatamente no momento em que estamos prontos para vê-las. E eu vi. No meio da minha bagunça emocional, eu senti. Entendi. Aceitei as culpas, os erros, os desencontros. Me perdoei. Assim mesmo, na primeira pessoa, pra ficar claro que eu entendi que o que me faz mal são as minhas próprias escolhas. O resto, é consequência. O que foge do meu controle, bem... foge do meu controle. Simples assim. Sem sofrer pelo que eu não posso mudar. Sem perder o sossego pelo que não vale à pena. Sem perder a fidelidade por mim mesma.

Não tenho a pretensão de ser entendida, muito menos de me explicar. Mas, posso dizer? Às vezes dói. Dói porque essa falta de tato me deixa perdida. Dói porque as coisas se desconstroem de uma forma meio caótica e eu fico com aquela velha conhecida cara de interrogação: por que? Mas ao mesmo tempo dói uma dor necessária pra que as coisas voltem ao seu devido lugar, e aí - surpresa! - encontro meu equilíbrio no lugar mais improvável do mundo: dentro de mim.

Dói.
Mas vem junto aquela leveza que - ainda bem! - tem teimado em não me largar.


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