domingo, 14 de novembro de 2010

Aquela sexta-feira


Eu gosto mesmo é desse acaso.



Pela primeira vez eu tive medo de escrever. De fazer um texto meloso e não conseguir me justificar. Mas foda-se. Eu preciso dizer o que você fez comigo naquela sexta-feira.

Eu não vou ficar aqui falando do seu beijo nem daquela nossa dança louca no escuro. Eu quero falar é do jeito que você me seduziu. Me seduz. E não, não tô falando mesmo do seu beijo. Eu tô falando é daquele momento em que a gente ficou sozinho e esqueceu do que poderia ter feito. Eu tô falando daquelas músicas que você botou pra tocar sem saber que eram as músicas que eu mais escuto na vida. De você ter colocado pra repetir e achar engraçado eu cantar a plenos pulmões. Você não sabe mas foi nessa hora que você mais me seduziu. Foi nessa hora que você mais mexeu comigo. Foi nessa hora que eu me emocionei e me segurei pra não chorar, porque, cara, foi foda. E aí eu pensei: "FODEU!". Fodeu porque eu passei a noite inteira negando todo mundo que dizia "Vocês são iguais!" e naquela hora eu vi que foi em vão. A gente é igual mesmo. Putaquepariu, a gente é igual e agora eu tô com um medo do tamanho do mundo disso dar merda. Porque verdade seja dita, embora esse nosso descompromisso nos mantenha numa distância saudável, chega uma hora em que as coisas se confundem um pouco. Não, eu não quero confundir as coisas. Mas eu tenho medo de que um dia isso aconteça e acabe com tudo de bonito que eu guardo de você.

Por isso, faça um favorzinho pra mim: deixa de ser tão eu um pouco? Deixa essas músicas bonitas, seu jeito de cantar Chico Buarque e de saber de todas as coisas do mundo? Pelo menos de vez em quando, que é pra eu lembrar que nós não nos prometemos nada e que eu não espero nada de você. Porque eu gosto do nosso descompromisso e se a cada vez que a gente se encontrar você for bonito desse jeito, eu não sei até quando não vou criar expectativas.

E eu não quero.

(É como diria Fernanda Mello - ela que sempre me entende: "Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos. Não, não e não.")

3 comentários:

Ítalo do Valle disse...

É preciso coragem pra escrever deste jeito.
E eu admiro muito!!!!

Muito Obrigado pela visita!!

Abraços

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

"Por isso, faça um favorzinho pra mim: deixa de ser tão eu um pouco?"
adorei essa ideia do eu pedir liberdade a outro eu

Ingrid disse...

Ufa que eu diria um palavrão pra definir a situação, mas vc já disse. E parece que esse não querer criar expectativas já é uma quase criação. Tô certa???

Eu quero um pouco dessa sinceridade e clareza, flor. Me arruma aí =)

beijo