"Everybody laughs
Everybody cries
Sure it could hurt you, baby
But give a little try
That's the thing about love."
Everybody cries
Sure it could hurt you, baby
But give a little try
That's the thing about love."
Alicia Keys
Mas a verdade volta, inevitável, e você argumenta: ah, e a convivência? E tudo que já passamos juntos? É, gente. Eu sei que é difícil se desvencilhar de alguém que sabe a cor das suas calcinhas. É difícil se desvencilhar de alguém que sabe como você acorda, de alguém que te conhece desde que você era adolescente, esquisitinha e desengonçada. É difícil se desvencilhar de alguém que - você acha - te ensinou o que é o amor. (Até porque, quem nos ensina mesmo o que é amor de verdade, incondicional e completo, são as nossas velhas e boas mães. Mas isso é conversa pra outra dia.).
O que eu quero dizer é: Porra, olha o quanto a gente se auto-sabota! Olha as coisas às quais a gente se agarra pra justificar nossa insistência em relacionamentos que nunca darão certo. Olha a falta de amor-próprio. Olha as noites que passamos em claro procurando a culpa, inventando motivos. Já pararam pra pensar o tempo que perdemos tentando reviver o que nunca existiu? Já perceberam o quanto a gente se engana e vai levando com a barriga pra fingir que estamos vivendo o romance dos sonhos? A gente devia se poupar de tanto sofrimento, gente! Nesses momentos a gente devia juntar os pedaços dos nosso respectivos corações partidos e seguir em frente. Acreditem, eu sei que é muito fácil falar. Mas sejamos racionais ao menos por um minuto: errar é humano, mas permanecer no erro é burrice. E mais: nada de mendigar amor, se humilhar. Amor de verdade não nos permite esse tipo de auto-flagelação.
A não ser que você não esteja buscando amor de verdade. Nesse caso, aguente as consequências. Um não-amor requer muito jogo de cintura. Uma certa flexibilidade moral. Viver um não-amor significa ter que se submeter a um jogo de interesses. E, me arrisco a dizer depois de muito escutar e insistir nesse tipo de relacionamento, que não estamos prontos e nem dispostos a nos submeter a esses jogos. Também não estamos prontos pra viver o amor. Mas um amor que dói. Um amor de verdade, inteiro, bonito como manda o figurino. Somos todos um bando de medrosos: temos medos de vivermos juntos pra sempre, temos medo de vivermos sozinhos pra sempre. Até que, depois de anos e anos insistindo, batendo a cabeça, sofrendo com o que não nos leva a lugar nenhum, a gente finalmente toma coragem o suficiente pra correr atrás do que quer na vida: aquele alguém que nos tire o chão, nos roube o ar, nos enlouqueça e nos dê aquelas paixões todas, mas ao mesmo tempo nos dê a segurança de esquentar os pés, de poder voltar, de poder fazer planos e ter certeza de que darão certo. Tudo bem, certeza certeza, de verdade, a gente nunca tem. Mas sempre chega aquele momento em que precisamos ter a tranquilidade de poder voar, se perder de amor e ao mesmo tempo saber qual caminho estamos tomando.
Admiro de verdade quem tem a cara e a coragem de admitir o que quer e ir à luta. Ir à luta por um amor verdadeiro e que lhe faça sentir completo, quantas vezes for necessário. Acho que, no fim das contas, é isso que todos nós buscamos desde o início, cada um à sua maneira. E acho que tudo seria mais fácil se a gente desistisse de esconder os sentimentos, vestir armaduras, jogar, e decidisse viver. Amar. Mil vezes, se preciso.
Mas também, quem dera fosse tão fácil assim.
Sei que ainda vou insistir nesses relacionamentos e não-amores com aquela velha desculpa. Sei também que escrevo, sinto e vivo o amor verdadeiramente. Amor é uma coisa que, pra tristeza de uns e felicidade de outros, é impossível separar de quem eu sou. O amor, mais do que tudo, é a minha eterna verdade absoluta.
(Portanto, se me perguntarem se ainda vou insistir nesses relacionamentos e não-amores com aquela velha desculpa, respondo que sim. Mas, advirto os desavisados: haja fôlego pra aguentar o amor que eu sou e tenho pra dar.)
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