domingo, 28 de julho de 2013

"O segundo que antecede o beijo..."






"O segundo que antecede o beijo..."
Paralamas do Sucesso


Olhos azuis e uma gravata milimetricamente desarranjada. Eu olhei e disse "é ele!" com uma certeza inabalável. Trinta minutos depois ele chega com a maior cara de pau e o sorriso mais lindo da vida: "oi, cabem mais dois nessa mesa?"
Cabem mais trinta se você quiser, eu pensei.
E veio um sorriso. Dois. Dez. Deixa que eu te levo em casa. Vamos tomar a saideira.
(Sério, nunca quis tanto uma saideira na minha vida inteira.)
Sabe quando você conversa e conversa e ri e conta sua vida inteira e ah!queessecaratemmeconsumido*?
Não sei mais como poetizar esse encontro, mas sabe quando dói o peito e tomara que seja infarto porque imagina se é amor?!
Tipo isso.
Não bastando os olhos, o sorriso, a barba e a dor e, ai, chega!, ele me olha com olhos mais profundos que a fossa das Marianas e diz:
- Dizem que o melhor do beijo é aquele segundinho antes.
Não me diga, meu bem, porque exatamente nesse momento eu entendi.
Me leva da minha vida porque eu nunca mais vou ser a mesma depois de você.



*"Esse cara", Caetano Veloso. 

sábado, 25 de maio de 2013

(me) Perdi.





"Minha única certeza é a de querer me perder. 
Com você. 
Em você. 
Ser uma das suas linhas bêbadas ou um poema sujo escrito num guardanapo qualquer.

É isso que me seduz."
Ludmila Melgaço em "In-certezas."


E eu me perdi no momento em que ele sussurrou umas três ou quatro palavras absurdas no meu ouvido. Ali, naquele exato instante entre os Arcos e o resto da vida eu tive certeza de que estava perdida. Tinha qualquer coisa de poeta, poetinha vagabundo e olhos que me despiam a cada piscar. Me pegou pela mão e disse "Vem!", enquanto eu tentava armar uma desculpa esfarrapada pra negar o que estava claro. 

Perco o rumo, a vergonha e o ar. Acendo um incenso enquanto relembro e retomo o fôlego. As palavras ficam pelo meio do caminho, visto que não devo entregar tudo de bandeja - ah, as convenções sociais! - mesmo que esteja tudo tão implícito. Ou seria ex? Nada disso importa quando se quer.

Leio tuas letras e ainda guardo as marcas. No fim, quem escreve linhas bêbadas sou eu.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O que foi.

"Baixei a guarda.
Tenho me permitido trocar a eternidade pelo instante.
É que você me olha como se o mundo fosse acabar nos próximos três minutos,  como se a gente não pudesse adiar nunca mais um beijo,  um toque, um cheiro.
E essa urgência vai derretendo tantas culpas, tantas razões...


Agora sei que distante o desejo castiga,
e que entre o 'certo' e o 'errado' está a vida. 

Se nossas bocas se precisam, se pode ser palpável,  se teu cheiro quer ficar em mim, então te conto todos os segredos que moram entre meu pescoço e meus seios.
São teus.
Guarda com você
Me guarda com você.
"Derretendo tantas culpas", Solange Maia.





E assim ele me tirou da minha órbita solitária e me fez vagar na imensidão da noite. Flutuei por milhares de galáxias no primeiro toque. No primeiro beijo senti o coração parar por cinco segundos inteiros. Tudo ficou pra trás e naquele momento só queríamos saber que desenho o meu vestido faria no chão. Naquele milésimo de segundo os olhos dele piscaram e me olharam com uma profundidade nunca sentida antes e eu só desejava que durasse pra sempre. 

Meu batom cravou uma tatuagem em sua nuca.
Sua mão agarrava meus cabelos como se daquilo dependesse sua vida.
Uma a uma as roupas desenharam no chão a obra de arte mais linda que já existiu.


Naquela eternidade só se sentia pele, sussurros e respirações ofegantes. Nada nem ninguém seria capaz de nos parar. Enquanto ele brincava nas minhas costas um arrepio insistia em permanecer em todo o meu corpo.


Tua língua em meu mamilo, água e sal.*

Todas as urgências gritaram ao mesmo tempo e no fim, ainda restávamos. Nós.
Existe vida depois?



*Zeca Baleiro, "Bandeira".

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Uma avenida.


Para meus companheiros de papo madrugada afora no carnaval.


Uma noite dessas de carnaval eu entendi tudo.

Quando tudo acaba temos duas opções tão simples que até parece besteira falar: acabar feio ou acabar bonito. Geralmente acaba com um mundo de perguntas não respondidas, porquês duvidosos e um vazio cheio de mágoas. Não tem que ser assim, tanto desencontro, mágoa e dor, a Sandy disse (sim, a Sandy e Junior) e eu atesto querendo ter escrito isso. Cansei de ficar elaborando teorias e assistindo o mundo e a gente mesmo cagar nos nossos corações.
Olha, eu resolvi que eu quero sempre acabar bonito.

É, eu acho que agora entendi tudo.

Eu quero lembrar daquele tempo como uma coisa boa. Com todas as cobertas, loucuras de madrugada, músicas e toda a vida compartilhada. Quero ter tudo isso sempre de uma forma bonita dentro de mim. E quero que tudo fique ainda mais bonito dentro de você. Não, não vamos enfeitar tudo e achar que foram apenas flores, borboletas e dias coloridos. Deixemos de uma forma, onde, apesar das pedras, permaneçam as lembranças boas. E eu te desejo tanta coisa bonita que não dá pra imaginar.
Eu desejo várias bocas pra você beijar.
Eu te desejo paz de espírito.
Eu desejo que você se aceite.
Eu te desejo um amor novo. Um amor velho. Ah, novo ou velho, vai saber.
Aliás, te desejo amor por todos os cantos.
Eu te desejo um mundo velho de coisas boas.
Eu desejo que um dia você entenda tudo isso e minha falta de jeito com as coisas.

E, de verdade:
Eu te desejo uma avenida enorme de alegria na sua vida.